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Boa navegação!

Celular é usado por 82% das crianças e adolescentes para acessar internet

uso-celular

Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil

O celular superou os computadores de mesa e passou a ser o aparelho mais usado por crianças e adolescentes para acessar a internet. Pesquisa divulgada hoje (28) pelo Comitê Gestor da Internet revela que 82% dos jovens entram na rede por telefones móveis, enquanto 56% navegam em dispositivos fixos. Os dados foram coletados em 2014, a partir de 2,1 mil entrevistas domiciliares com jovens de 9 a 17 anos.

Em 2013, o percentual de crianças e adolescentes que acessavam a internet pelo celular era 53% e pelo computador, 71%. Também cresceu significativamente o índice de jovens que acessam a rede por tablets, de 16%, em 2013, para 32%, em 2014. A pesquisa mostrou ainda que 81% da população dentro da faixa etária analisada acessa a internet todos os dias. Em 2013, o percentual era 63%.

A maior motivação dos jovens para usar a rede é entrar nas redes sociais (73%), buscar informações para trabalhos escolares (68%) e pesquisas de interesse pessoal (67%). Outro uso importante é o de aplicativos de mensagens instantâneas (64%). Em seguida vêm atividades recreativas como ouvir música (50%) e assistir a vídeos (48%).

Apesar do aumento da navegação, as habilidades relacionadas ao uso da rede não cresceram na mesma proporção. Na faixa de 11 a 17 anos, 64% disseram que sabem bloquear as mensagens enviadas por pessoas indesejadas. Em 2013, o índice era 55%. O percentual de jovens que sabem mudar as configurações de privacidade nos perfis das redes sociais, escolhendo que informações deixar públicas, caiu de 58% para 56%. O número de adolescentes que sabem comparar informações de páginas diferentes para checar a veracidade dos dados subiu de 42% para 46%.

A migração para o acesso por outros dispositivos indica também mudanças de hábito, como explica a oficial do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Gabriela Mora. “Os adolescentes estão usando a internet de uma forma cada vez mais individualizada. E uma das características também é essa busca por autonomia. É importante respeitar isso”, destacou.

Junto com a pesquisa, o Unicef lançou a campanha Internet Sem Vacilo, que busca conscientizar sobre os riscos e comportamentos problemáticos na internet. “Então, a campanha provoca muito mais no sentido de estabelecer diálogos do que controle. Mais do que trabalhar com uma supervisão ou restringir o que o adolescente acessa”, acrescenta Gabriela sobre as peças publicitárias estreladas por apresentadores de canais com apelo entre o público jovem no YouTube.

A busca por privacidade e independência é, na avaliação de Gabriela, uma característica normal da idade. “Isso faz parte da própria constituição do sujeito que está ali construindo a sua identidade, criando laços com pessoas que estão fora do círculo familiar. A adolescência é isso, essencialmente.”

Por isso, é importante que os pais e as escolas discutam a relação dos jovens com a rede, ressalta o pesquisador do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic) Fábio Senne. Segundo ele, os estudos têm mostrado que uma visão mais participativa tem sido mais efetiva do que impedir o acesso das crianças. As crianças devem acessar a internet, exercer a sua liberdade de expressão e seus pontos de vista na rede, no seu entender, mas a conversa e a mediação sobre o uso que está sendo feito são fundamentais.

 

O que as crianças aprendem com um cartão de mesada?

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Publicado originalmente no site Brasil Post

Por Carolina Delboni – Jornalista, redatora do Small+, consultora em comportamento e tendência infantil e integrante do grupo de discussão da Rebrinc

Pow! Polêmica. Mega. Leia de novo o título para ter certeza que você entendeu o que irei desenrolar aqui. Sim, a equipe do Mauricio de Souza, criador da Turma da Mônica e seus amigos, acaba de lançar no mercado (sim, mercado, porque o mundo é capitalista, lembra?), um cartão de mesada para crianças. Ou seja, os pais depositam o dinheiro dela ali e ela gasta como quer. Com um pedaço abstrato de plástico.

Para gente. Para tudo porque está BEM errado e o negócio tá ficando sério demais!!! Primeiro de tudo, claramente, isso configura publicidade infantil de forma descarada e descabida. Desrespeitosa. Criança não precisa de cartão. Aliás, nem adulto deveria precisar porque nem nós temos controle humano sobre aquele pedaço de plástico. Nem nós, sabemos quando parar, quando não gastar mais. Quem costuma dar o aviso não é o bom senso. É a maquininha que avisa "compra não autorizada". Mas que fique claro: falo do cartão, da forma, e não do conteúdo. Ganhar mesada, sabendo a hora certa, é extremamente educativa e importante para a criança. Mesada é sim uma fonte rica e importante de educação financeira.

Mas há quem acredite que não tem problema algum a criança receber mesada num cartão, afinal dessa forma ela não corre o risco de perder o dinheiro. O assunto já está gerando polêmica na internet. Óbvio. Agora pergunto: se uma criança ainda não tem condições de exercitar sua responsabilidade para aprender a guardar dinheiro de forma a não perdê-lo, será que a mesma está pronta a receber mesada? Aliás, quando crianças estão prontas para receber mesada? Porque cada vez mais cedo, como tudo nessa geração de crianças (infelizmente), as coisas chegam e acontecem mais cedo. Crianças de 7/8 anos já ganham semanada ou mesada. Crianças que estão no começo do ensino fundamental, se alfabetizando, aprendendo a somar e subtrair, ganhando dinheiro. Dinheiro sem propósito, sem finalidade. Dinheiro fácil. Porque é bonitinho ver seu filho ganhar um dinheiro e poder comprar uma bala ou sei lá o que. Mas vou te contar que não é bonitinho ensinar nossas crianças que dinheiro se ganha por ganhar. Não é bonitinho ensinar nossas crianças que dinheiro se ganha de forma fácil. Dinheiro a gente ganha suando, trabalhando, se matando (literalmente).

Criança pra receber mesada/semanada precisa, primeiro de tudo, saber fazer contas - e bem. Tem que saber contar, perguntar quanto custa, contar o troco, saber fazer perguntas, questionar, avaliar (minimamente) se vale a pena gastar nisso ou naquilo. E isso é um exercício que exige o mínimo de maturidade. Deve-se começar sempre com valores pequenos, como dar o equivalente a idade da criança. Deve-se começar com espaços curtos de tempo, como semanada, pra ela conseguir exercitar o controle em períodos curtos, dentro da capacidade infantil. Deve-se decidir por uma semanada a seu filho no momento em que aquilo fizer sentido na vidinha dele. Por exemplo, quando ele começa a almoçar na escola, ou tem que comprar seu lanche na escola. Ou quando fica a tarde no clube e precisa de um lanche. Quando seu filho começa a ter pequenos desejos e eles são cabíveis dentro de uma infância saudável. Um parágrafo todo no imperativo, mas que são propostas de educadores financeiros, não são apenas frases minhas. Cursos de educação financeira hoje pra criança (Casa do Saber tem e Itaú também têm um programa), exploram esses "deve-se" que eu falei acima.

Mas nunca a primeira forma de receber esse dinheiro deve ser via cartão. Muito menos da Turma da Mônica. Por uma razão simples: aprende-se matemática de forma concreta. As crianças começam a fazer contas com pedrinhas, feijões, sementes, e dedos. Em qualquer ensino, qualquer pedagogia, ensina-se matemática de forma concreta. A criança pega em algo pra poder somar ou subtrair. Ela precisa desse concreto para entender o processo lógico da conta. Só quando ele foi seguramente interiorizado, ou seja, aprendido, é que a matemática torna-se abstrata. Dai entram as contas de cabeça. Saem os dedos e os feijões e entra o raciocínio puramente lógico e abstrato. Isso acontece lá na frente. Até lá precisa ter na mão. Ou seja, a criança precisa visualizar a semanada. Se são 10 reais, tem que ter a nota ali na mão. Com cor, cheiro, tamanho e número. Precisa-se entender o sentido de gastar e receber menos como troco. Entender que não é porque ela ganhou uma de R$ 5 e duas de R$ 2 que tem mais do que os R$ 10 que tinha antes. Isso só com os olhos e as mãos. Nunca com cartão. Nunca. Cartão é infinito. É sem limites. Não se vê o fim nunca. Porque este é o principio que nos faz gastar mais. Sem limites. Sem fim. Mas este não pode ser o principio de uma educação financeira infantil.

Não deem cartões de mesada a seus filhos. Ajudem eles a montarem mesinhas na calçada da vila ou lá embaixo no prédio pra vender gibi, desenho, pedrinha, flor... E que felicidade que é quando passa aquele morador, aquele vizinho, que acha uma graça aquela pessoinha ali vendendo gibis e resolve comprar um pra ajudar. E seu filho vem correndo mostrar a moeda que ganhou trabalhando. A criança se orgulha. Enche o peito de alegria. Porque teve trabalho, teve esforço e dai sim, teve conquista. Mesada não pode estar associada a limite ilimitado, não pode estar associada a merecimento (tipo você se comportou bem por isso vai ganhar a mesada), não pode estar associada a trocas (faça isso que te dou aquilo), não pode estar associada a cumprir tarefas (lista de afazeres e valores associados). Dinheiro é coisa séria! Olhem ao redor do mundo em que vivemos e o tamanho do problema que estamos enfrentando. Dia a dia. Mauricio de Souza e Visa, vocês erraram feio! Muito feio. As maçãs a gente engole, mas o cartão... E pais, vamos começar pelo concreto, pelo palpável, pra depois abstrairmos como os tempos modernos pedem. Tudo devagar e pequeno. Pequenas quantidades. Por pequenos valores. Na proporção da infância. Na proporção do que elas são capazes. Isso é cuidado. Isso é amor.

 

Pesquisa sobre qualidade de vida expõe desigualdade entre meninos e meninas em SP

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Publicado originalmente por: Rodrigo Gomes, da RBA

Para especialistas em desigualdade de gênero, a inclusão da temática nos planos de educação é um caminho para desconstruir a ideia de que o mundo é a casa do homem e a casa é o mundo da mulher.

São Paulo – Os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), específico sobre crianças e adolescentes de zero a 17 anos, constatou que a qualidade de vida dos meninos e meninas paulistanos é desigual. Na pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, para contribuir no debate sobre a redução da maioridade penal, a desigualdade de gêneros acabou se destacando: enquanto 68% dos meninos paulistanos realizavam atividades coletivas com outras crianças no seu tempo livre, apenas 32% das meninas faziam o mesmo. Ao mesmo tempo, 29% delas cuidavam de tarefas domésticas, ante somente 6% deles.

Essas respostas foram dadas sobre questões abertas, em que as crianças e adolescentes entrevistadas podiam responder livremente. Mesmo quando não estão fazendo tarefas domésticas as meninas passam a maior parte do tempo em casa: 26% delas usam o tempo livre para ver televisão e outras 13%, para dormir. Entre os meninos, os percentuais foram 14% e 7%, respectivamente.

Segundo a Rede, isso impactou diretamente na percepção das meninas quanto à qualidade de vida na cidade. Entre os 43% que se consideravam “pouco satisfeitos”, a maior parte era de meninas. Já entre os 18% “muito satisfeitos”, a maioria era menino.

Para a socióloga e diretora da ONG Católicas Pelo Direito de Decidir Maria José Rosado Nunes, esse resultado expressa claramente que vivemos no Brasil “uma situação de desigualdade de gênero absurda”. Para Maria, isso afeta a qualidade de vida delas. “É muito injusto. Enquanto os meninos têm a liberdade de decidir o que querem fazer da sua vida, as meninas já nascem com isso pré-determinado por uma condição biológica. Coloca-se para as meninas um horizonte de vida muito mais limitada que os meninos”, afirmou.

Estar na rua, brincar, ir e vir e permanecer em espaços públicos é parte de um processo importante de desenvolvimento saudável de meninos e, também, de meninas, segundo a psicóloga e militante do Coletivo Mulheres na Luta Elânia Lima. “Estar na rua, brincando e socializando com outras crianças e os adolescentes ajuda na ampliação de repertório social, cultural. Não viver isso pode limitar, também, as escolhas que farão com relação à profissão, estudos ou à vida social e afetiva”, afirmou.

Para Elânia, como caminho para garantir que tanto as meninas quanto os meninos tenham direito às atividades sociais, é preciso desconstruir a ideia de que o cumprimento de tarefas domésticas é obrigação feminina e que os momentos de lazer e ocupação dos ambientes públicos é masculino também deve ser um esforço da escola e da sociedade.

“Em casa, é importante mostrar aos meninos que eles também moram ali e que as tarefas de limpeza e cuidado também são funções deles, sem dizer que ele 'ajudou' a irmã ou a mãe. Os homens adultos deviam agir da mesma forma e se comprometer com o cuidado da casa”, destacou. Outro cuidado importante é combater estereótipos de que meninas que ficam na rua “são vagabundas, marias-chuteiras, fofoqueiras e outras coisas que são ditas sobre a presença feminina nos espaços e momentos de lazer na rua”.

Uma pesquisa da ONG Plan International Brasil, realizada em 2013, já havia indicado que as meninas brasileiras ainda sofrem com a desigualdade sobre o tempo livre. Foram ouvidas 1.771 meninas de seis a 14 anos, em cinco estados brasileiros. Entre as que vivem em áreas rurais, 74,3% declararam limpar a casa cotidianamente. Nos ambientes urbanos, o percentual é menor, mas ainda significativo: 67,6% das estudantes de escolas públicas e 46,6% das de escolas particulares realizam tarefas domésticas. Já o percentual de meninos que realiza alguma tarefa doméstica não supera os 13% em nenhuma das condições citadas.

“Simplesmente por ser menina, ela é tratada como a pessoa responsável pelas tarefas domésticas, o que tira dela parte de sua infância quanto ao direito de brincar, estudar e de não assumir responsabilidades em substituição de adultos”, concluíram as pesquisadoras.

Tanto Elânia quanto Maria José veem na escola um dos espaços principais para enfrentamento dessa desigualdade. E que a inclusão do debate de gênero nos planos de educação municipais, estaduais e federal é fundamental para isso.

“A sociedade inteira, inclusive a escola, já 'trabalha' as relações de gênero. Só que de uma forma que muitas vezes reforça as desigualdades e estereotipa os comportamentos das crianças e adolescentes. Quando se elogia uma menina por ela já saber passar um café ou por ser sensível e delicada e se critica as meninas que gostam de futebol ou que brincam na rua, estamos ensinando sobre gênero também”, observou Elânia.

Para a militante católica, o esforço de parlamentares e grupos religiosos contra a inclusão dos termos gênero e educação sexual, como parte das estratégias de combate à discriminação e à violência contra as mulheres nos planos de educação revela “um atraso social e cultural no Brasil e uma injustiça estrutural contra nós mulheres”.

“Seria absolutamente necessário tratar estas questões nas escolas. Gênero e educação sexual podem e devem ser trabalhados, de uma maneira adequada, sem ser enviesados por determinados grupos da sociedade”, completou Maria José.

Ela destaca que a situação revelada pela pesquisa quem nem tinha por objetivo realizar um debate sobre desigualdade de gênero acompanha as mulheres por toda a vida. “Essa diferença de tratamento reforça a ideia de que somos propriedade dos homens. Que devemos ficar em casa como um objeto dos homens, que podem fazer o que quiserem conosco, inclusive bater ou matar quando fazemos coisas que expressem nossa liberdade”, disse Maria José.

 

 

 

 

63% dos jovens admitem não seguir orientações dos pais ao usar internet

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Publicado originalmente por: UOL, em São Paulo

Embora os filhos digam que os pais tentam orientá-los sobre como navegar com mais segurança pela internet, seis em cada dez crianças e jovens brasileiros que usam a rede admitem que não cumprem as orientações dadas. Os números são da edição 2014 da pesquisa anual sobre o uso da internet por crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos no Brasil feita pelo Cetic.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil).

Segundo os jovens entrevistados, 34% dos pais sabem pouco ou nada sobre suas atividades na internet. Mais da metade dos pais (54%) não usa a rede.

"Os pais não precisam saber usar a internet da mesma maneira que os filhos usam, mas é muito importante que eles saibam pelo menos o básico", explica Rodrigo Nejm, psicólogo e diretor de educação da SaferNet Brasil. Para ele, a expansão do uso da internet pelo celular dificulta o monitoramento dos filhos, mas é importante que o diálogo seja mantido.

O uso das redes sociais é a principal atividade feita pelas crianças. É aí que a preocupação com a segurança dos filhos começa. De acordo com a pesquisa, oito em cada dez crianças e jovens tem um perfil em alguma rede social, principalmente no Facebook (78%).

Foram entrevistados 2.015 crianças e adolescentes usuários de Internet com idades entre 9 e 17 anos em todo o país. Em 48% dos casos, os perfis foram criados com a ajuda ou por outra pessoa. Isso acontece principalmente na faixa dos 9 aos 12 anos. Apenas 12% das crianças entre 9 e 10 anos criaram o perfil sozinha.

No caso do Facebook, apenas pessoas com mais de 13 anos podem fazer o cadastro. Resultado: 32% admitiram mentir a idade para poder entrar.

A pequena Alicia Carvalho está nas estatísticas de quem entrou cedo nas redes sociais. Hoje ela tem 10 anos e está no Facebook há dois anos. "Ela me pediu para entrar porque gostava de uns joguinhos. Fiz o cadastro e sempre a oriento a nunca conversar nem aceitar pedidos de amizade antes de falar comigo. Hoje ela nem liga muito, mas já houve épocas que ela falava bastante com os amigos da escola e eu sempre fico de olho", conta a mãe, Ana Carvalho, 38.

Já Maria Eduarda Carvalho Lucena tem 10 anos e tem um perfil desde o ano passado. "Eu quis entrar para ficar sabendo as novidades dos meus amigos. Costumo postar pouca coisa e gosto de ficar vendo as fotos dos meus amigos", conta Maria Eduarda, que também tem uma conta no WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens.

Segurança dos dados

A maioria das crianças e jovens entrevistados (64%) disse que tem o perfil aberto ou parcialmente aberto nas redes sociais o que significa que qualquer um pode ver suas atualizações, facilitando, inclusive, a aproximação de estranhos. Além disso, 30% colocaram o telefone, 17% o endereço e 46% a escola onde estudam. A exposição dos dados é maior nas faixas que vão de 9 a 14 anos. Para se ter uma ideia, 37% dos jovens entre 13 e 14 anos colocam telefone e escola onde estudam em seus perfis.

Com uma média de 200 contatos em seus perfis, 13% dos entrevistados disseram já ter adicionado quem não conheciam e 29% teve contato pela internet com quem nunca viu antes. Quando questionados se já encontraram com alguém que conheceram na internet, 13% responderam que sim. Um ponto positivo que a pesquisa mostra é que a maioria dos jovens (88%) conversa, principalmente, com quem já conhece ou com amigos de amigos (33%). Apenas 20% diz conversar com estranhos pela internet.

Segundo os dados, 9% dos entrevistados disseram que já receberam pedidos de foto de partes íntimas ou conversas de conteúdo sexual pela internet. Entre os jovens de 14 a 17 anos, o número é de 14%. 15% já acessaram sites para adultos com conteúdo pornográfico e 47% disseram ter visto imagens e vídeos com conteúdo sexual em redes sociais nos últimos 12 meses.

Ajuda dos pais

Embora muitos pais tentem acompanhar de perto o que o filho faz na rede, observando os amigos que são adicionados (36%), monitorando o perfil (34%) e sites que a criança ou jovem navega (31%), 44% declararam que já flagraram os filhos vendo imagens violentas de pessoas se agredindo ou matando na internet ou viram os filhos acessando imagens com conteúdo de sexo explícito.

"Os pais precisam entender que a internet é um espaço social como qualquer outro. Nós não recomendamos que eles leiam as mensagens dos filhos, mas sim que os ensinem noções de cidadania e respeito na internet. Ele não precisa ensinar a tecnologia, ele precisa ensinar valores, explicar que tanto a criança quanto os pais respondem judicialmente sobre os atos que praticam na rede, por exemplo", diz Nejm.

Quando questionados, a maioria dos pais disse que explica para os filhos porque alguns sites são bons e outros ruins e o que fazer se algum dia alguma coisa na internet o incomodasse ou chateasse, mas admitem, em 66% dos casos, que deveriam fazer muito mais ou um pouco mais. No entanto, 38% das crianças disseram que acreditam que seus pais podem ajudá-los pouco ou nada a lidar com situações que os incomodem ou constranjam na internet.

 

 

Adoção, diálogos em família e o comercial de refrigerante

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Publicado originalmente por: rebrinc

Por Maria Inês de Carvalho Delorme – Professora Adjunta do Departamento de Estudos da Infância da Faculdade de Educação da UERJ

Apoiar a adoção é um dever de amor, mesmo no caso de famílias sem experiências de adoção. Talvez esse seja um dos temas que tangencie uma unanimidade, não mais apenas envolvendo adoção de crianças, mas também de animais. Claro, entre crianças e os outros animais há processos de adoção bastante diferentes, com níveis de compromissos também diferentes e em todos os casos, temperados de complexidades.

Sabe-se que adotar uma criança exige uma disponibilidade interna que precisa reunir amor, compromissos e responsabilidades por parte dos adultos. E, não é pouco comum que eles se perguntem, durante o processo de adoção, se amarão os filhos adotivos como já amam os biológicos, quando é o caso, ou se amarão como se o fossem. As pessoas que têm filhos, biológicos e não biológicos, sabem que o amor é construído no cotidiano, na relação diária entre mães, pais, filhos, irmãos, tios, amigos, vizinhos, avós.

Mas, eventualmente pode passar pela cabeça de alguns adultos, nesse processo de adoção, se as crianças a serem adotadas irão amá-los como pais e mães “verdadeiros”. Será que ele, ou ela, vai gostar de mim? Vai nos identificar como pai e mãe? E para essa dúvida, vale a mesma reflexão. Também as crianças aprenderão a amar seus pais e irmãos a partir da vivência cotidiana de afetos, cuidados e compromissos que irão se estabelecer, em que o amor vai se construindo no passo, se fortalecendo no percurso. Pais, irmãos e filhos se adotam mutuamente, como precisa acontecer também com os filhos biológicos que afetivamente, desde que são gerados, depois que nascem e ao longo da vida deverão ter sido adotados amorosamente pela família. Ter o mesmo sangue e as marcas genéticas dos envolvidos não garante essa adoção amorosa, integral e definitiva.

As crianças pensam e sempre têm o que dizer sobre o mundo delas, sobre o dos adultos, sobre episódios que mobilizam as pessoas dos seus e de outros tempos. Elas também podem falar sobre adoção, como vejo acontecer. Quando assisto à propaganda que está no ar, onde há uma criança negra, um pai e uma mãe brancos tentando conversar sobre adoção, fico assustada. Não pelas diferentes etnias, mas pelo uso dessas diferenças étnicas, nessa publicidade, como um recurso para remeter o telespectador à ideia de um filho não biológico. Não acho a melhor forma de abordagem, mas não me parece o mais grave. Assustador é o discurso da linda menina negra, com uma fala totalmente adulta, forjada por adultos para expressar e esclarecer o que os pais não conseguem dizer. Independente do teor do que é dito pela menina, o texto é adulto e parece apenas ter sido decorado pela criança para aparecer na televisão e ganhar um cachê.

O uso de crianças em propagandas televisivas muitas vezes é desrespeitoso e maquiado. Nenhuma criança com tal idade saberia formular uma frase com aquela forma e isso enfraquece, a meu ver, a compreensão maior da adoção, o respeito às crianças e, também, o produto que discretamente veiculam. Se a marca de refrigerante mundialmente conhecida já não faz bem às crianças, agora nem aos adultos e nem à adoção.

 


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