Bem-vindo ao site do GRIM, aqui você irá encontrar informações sobre o grupo, suas pesquisas e demais trabalhos relacionados.

Boa navegação!

Nota em defesa da democracia e dos direitos humanos

Pesquisar é um ato implicado, vinculado a desejos de mudanças e/ou de manutenção do status quo. Para nós do GRIM, a investigação da relação entre infância, juventude e mídia vincula-se a ações que buscam defender, promover e fiscalizar o respeito aos direitos humanos de crianças, adolescentes e jovens.

A defesa de direitos humanos envolve os princípios da universalidade, indivisibilidade e interdependência. É universal por que deve ser assegurado para todos indistintamente, sem prejuízo de classe social, religião, gênero, orientação sexual ou qualquer outra forma que discrimine os seres humanos. É indivisível por que a garantia desses direitos só é possível na sua integralidade, ou seja, na efetivação da educação, saúde, cultura, lazer, esporte, convivência familiar e comunitária, liberdade e respeito. É interdependente por que a garantia de um direito humano só é possível com a efetivação de todos os outros – só se pode ter acesso à educação se for assegurado também o direito à alimentação, à saúde, à liberdade etc.

A Constituição Federal (CF/88), de 1988, em seu art. 227, considerou os direitos humanos de crianças e adolescentes, como direitos fundamentais. No nosso entendimento, defender a CF/88 é defender direitos humanos de crianças e adolescentes e que, portanto, um golpe desfechado contra a Lei Maior de nosso país é uma violência contra crianças e adolescentes.

Foi exatamente um golpe que sofreu a Constituição Federal, de 1988, aos 31 de agosto de 2016. Um golpe que desconsiderou a democracia, a isonomia, o juízo natural e o direito à defesa, fazendo das normas e princípios constitucionais letras mortas. Essa fatídica data que violentou a todos, também violentou os direitos humanos de crianças e adolescentes, pois não há como se efetivar o direito à educação e à convivência familiar e comunitária, por exemplo, se houver o desrespeito à democracia, ao direito à participação, ao direito à igualdade, ao juízo natural ou à ampla defesa. A dignidade humanada, a vida digna compreende todos os direitos. Nenhum a menos.

Na luta pela universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, o GRIM manifesta o repúdio ao golpe institucional desferido contra a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, por compreender que foi uma ação que desconsiderou princípios constitucionais basilares da democracia contra todo o povo brasileiro.

As investidas recentes contra a autonomia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a política de Classificação Indicativa atestam as implicações danosas desse golpe no direito à comunicação de qualidade de nossas crianças e adolescentes. No atual estado de exceção, o princípio do melhor interesse da criança resta subjugado aos ditames das empresas de comunicação que o patrocinaram.

29 de setembro de 2016.
Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia, da UFC

 

Repúdio à criminalização dos movimentos culturais da juventude — por uma política de segurança pública humana e não meramente policialesca

Em menos de 48 horas, Fortaleza registrou três ações desastradas das forças de segurança pública contra manifestações artísticas/culturais em praças da cidade. Na madrugada de sábado, 18, nas praças dos Leões e da Gentilândia, a Guarda Municipal encerrou as reuniões ali ocorridas usando gás de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral. Já no domingo, 19, na praça da Cruz Grande, no bairro Serrinha, foi a vez da Polícia Militar dar fim a uma festa de reggae, também usando armamento menos letal e detendo duas pessoas. Em sua maioria, jovens foram os alvos das reprimendas.

As ações são sintomáticas da forma como vem sendo pensadas políticas para a juventude e a segurança pública. Um pensamento ainda policialesco, calcado na repressão e na manutenção a todo custo da ordem — mesmo à revelia do bem-estar e da integridade física da população. Os relatos de quem estava nas praças dão conta de que os agentes passaram a atacar mesmo sem agressão anterior. Seguida a essas investidas, a arbitrária ordem proibindo a continuidade dos festejos. À imprensa, Guarda Municipal e PM afirmaram ter reagido a agressões. Ainda que a versão seja verdadeira, revela despreparo dos agentes, ao generalizar o risco a todos que estavam no ambiente. E, ainda assim, não explicaria o término forçado das festas.

Em matéria na terça-feira, 21, o jornal O Povo colheu relatos que apontam a regularidade de ações do gênero, sobretudo, na periferia da cidade. As histórias relatadas nos bairros Bom Jardim e Jangurussu mostram haver um padrão de violência no trato a esses movimentos juvenis. “O que estamos vendo é uma repressão ao que é produzido pela juventude”, afirmou à reportagem a articuladora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Lívia Thaís Morais.

As ações de truculência se dão em um contexto de eleições quase monopolizadas por discussões de segurança pública, que é tratada de forma policialesca. Municiar a Guarda Municipal com armas de fogo virou questão central no discurso dos candidatos. A ideia é inserir a Guarda na questão como uma linha auxiliar da PM — com propriedade para ser a linha principal. São minorias as propostas de segurança com abordagem não policialescas, que tratam a cidade não como território de conflito, mas como um lugar pertencente à sociedade, a quem cabe zelar e tornar acolhedora.

Os episódios do último fim de semana foram de encontro uma das melhores formas de combate à insegurança e à sensação de insegurança: a ocupação dos espaços públicos. Ou seja, não bastasse a criminalidade, o impedimento a essas ocupações ganha mais um ator, os agentes do Estado. Logo aqueles que — é bom frisar — tem como dever garantir a segurança. Com isso, crescem as trancas, as vigilâncias particulares, a permanência em casa e as idas a ambientes fechados e privativos, assim como o abandono das ruas e a sensação que passam de ermitão.

Integrar a juventude nesses processos de ocupação dos lugares públicos é fundamental, tanto para a eficiência dessas ações, quanto para assegurar a validade do artigo 227 da Constituição Federal: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (grifos nossos).

O texto não foi respeitado nesses tristes episódios, o que é, infelizmente, comum no cotidiano fortalezense. Basta lembrar da estatística que coloca Fortaleza como a capital com o maior número proporcional de homicídios de jovens e adolescentes do País. A média em 2013 foi de 81,3 mortes para cada 100 mil habitantes, segundo o estudo "Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil", realizado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso).

Nos comentários que apoiam as ações das forças de segurança nesses casos, é possível identificar uma narrativa criminalizadora desses movimentos, ao atrelá-los a consumos de drogas lícitas e ilícitas, por exemplo. Fica claro que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda não substituiu a Lei de Menores nesse imaginário. Juventude ainda requer controle e controle ainda requer polícia.

Os episódios, pelo menos, serviram como forma de sensibilizar um maior número de pessoas para essa rotina vivida pela juventude nas periferias. Os fatos proporcionaram, sobretudo, nas redes sociais da internet, reflexões sobre a importância de ocupar um espaço que por direito pertence à população. Se o problema é a poluição sonora, a alternativa é buscar uma forma de integrar o respeito ao sossego alheio ao direito ao lazer. Com diálogo, não cassetetes.

 

Dissertações defendidas neste fim de setembro estudam representação da infância em mídia social e experiências de educomunicação

O fim de setembro traz duas defesa de dissertações com a marca do Grim no Programa de Pós Graduação em Comunicação (Poscom) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na quarta-feira, 28, ocorre a defesa de O Menino Sebosinho: A estratégica representação de infância na página Suricate Seboso, do pesquisador do Grim, João Victor Melo Sales. Já na sexta-feira, 30, é a vez de Thiago Mena Barreto Viana, com Processos avaliativos mídia-educação: análise dos processos avaliativos de dissertações publicadas na BDTD nos últimos 10 anos. Ambos os trabalhos foram orientados pela coordenadora do Grim, Inês Vitorino.

As dissertações discorrem sobre dois temas que o Grim acompanha de perto: a representação infantil em redes sociais e experiências de educomunicação. Em O Menino Sebosinho: A estratégica representação de infância na página Suricate Seboso o objetivo é identificar os "principais efeitos de sentido embutidos nas estratégias de construção dessa representação de infância no conteúdo da página", como explica o autor. Para isso, foram analisadas 50 postagens da pagina, assim como seus respectivos comentários. Além disso, os produtores da página também foram entrevistados.

Criada em 2012, a página do Facebook Suricate Seboso, alcançou milhares de seguidores com uma receita que se vale elementos regionalistas para fazer humor. Muitas das postagens tem como mote cenas do cotidiano infantil, como brincadeiras e relações com os pais, despertando a nostalgia de muitos seguidores. Isso fica ainda mais evidente nas tramas de um dos principais personagens: o Sebosinho, uma representação do que seria o típico menino cearense.

"A pesquisa destaca sobretudo três efeitos principais, que são fatores que ajudam a explicar o sucesso de público alcançado pela página: a produção de processos de identificação, a evocação do sentimento de nostalgia e a publicização do privado", continua João Victor.

Experiências/políticas mídia-educativas

Dois dias depois da defesa de João Victor, será a vez da apresentação de Processos avaliativos mídia-educação: análise dos processos avaliativos de dissertações publicadas na BDTD nos últimos 10 anos, de Thiago Mena Barreto Viana. A pesquisa teve como intuito checar se trabalhos que estudam experiências/políticas mídia-educativas no espaço escolar possuem parâmetros claros para conferir seus resultados.

O autor aponta não haver clareza nesses parâmetros. "O que constatamos é um resultado geral, sempre positivo, das práticas realizadas", afirma o autor. No entanto, ele pondera que valores tradicionais de avaliação, como estatísticas, não dão conta de avaliar experiências que se propõem, justamente, a "novas formas de pensar e agir".

"De fato, os pesquisadores não são claros em suas avaliações. Mas nossas leituras também nos revelaram que uma avaliação em mídia-educação também não pode ser feita apenas com base em números e indicadores. Não podemos pensar numa prática que busque uma nova forma de pensar e agir se ainda nos baseamos pelas formas antigas de avaliar o processo".

Saiba mais

O Menino Sebosinho: A estratégica representação de infância na página Suricate Seboso

DATA: 28/09/2016

HORA: 15:00

LOCAL: Sala de Audiovisual do Programa de Pós-Graduação em História da UFC.

 

Processos avaliativos mídia-educação: análise dos processos avaliativos de dissertações publicadas na BDTD nos últimos 10 anos

DATA: 30/09/2016

HORA: 09:00

LOCAL: Sala de Videoconferência da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC.

 

DICA DE LEITURA - Qualidade na programação Infantil da TV Brasil

ouviu falar do livro "Qualidade na Programação Infantil da TV Brasil"?

Ele foi escrito pela própria equipe de pesquisadores do grupo e analisa os programas infantis da emissora pública com base em várias leis e regulamentações e levando em consideração o estudo de grades autoridades nos estudos da infância e da televisão. Para isso, o GRIM analisou 221 episódios de 23 programas, exibidos entre 2010 e 2011.

A conclusão é de que o canal público oferece, sim, uma boa programação a esse público, diversa e educativa, conforme os objetivos do canal promulgados no decreto-lei que o criara.
É um excelente retrato de uma era que parece ter ficado no passado, conforme se vê nas intenções do novo Governo Nacional, que aparenta ter uma noção diferente de comunicação pública.

 

Convergência midiática e a juventude é o tema da mais nova edição da revista da pós-graduação da UFC

A última edição da revista Passagens, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, da Universidade Federal do Ceará (UFC), é uma peça fundamental para entender as influências do avanço da convergência midiática nas formas de sociabilidade de crianças e adolescentes. O dossiê Crianças e Jovens no contexto de convergência traz cinco artigos e uma resenha que “revelam as potencialidades, os limites das políticas regulatórias e das práticas de ‘mídia-educação’ contribuindo, desse modo, para aprofundar o debate, sem recair em posturas celebratórias ou de pânico moral em relação à tecnologia”, conforme escrevem no editorial as pesquisadoras do Grim, Inês Vitorino e Andréa Pinheiro, que organizam o periódico.

No artigo que abre o dossiê, “‘Nativos e imigrantes digitais em questão’: crianças e competências midiáticas na escola”, a autora Monica Fantin desconstrói a noção de que as crianças desta geração são, naturalmente, mais aptas ao uso das novas tecnologias. Em grupos focais com professores e alunos, foram ouvidos relatos de domínios assimétricos das ferramentas digitais; um professor, por exemplo, afirmou haver alunos que não tinham dificuldade no uso de sites de relacionamento ao passo de que não sabiam fazer operações simples em editores de texto. “O desafio que se apresenta, segundo a autora, é o da mediação, que deve considerar simultaneamente as apropriações que as culturas infanto-juvenis fazem da relação com os artefatos tecnológicos, as aprendizagens informais constituídas nesse contato e a necessidade de incorporar a essas práticas o desenvolvimento da capacidade crítica e ética, na perspectiva de uma educação cidadã”, escrevem Andrea Pinheiro e Inês Vitorino.

 

Já em “Limites entre o público e privado nas relações de adolescentes através das redes sociais virtuais”, de Vanina Costa Dias, vê-se como os jovens,  a partir de uma incursão "netnográfica' pela autora de um grupo privado no Facebook, constroem os seus conceitos de público e privado no espaço virtual. A conclusão chegada pela autora é de que os jovens "manejam de forma diferente essas interações e socializações [...] mantendo seus espaços de intimidade”, mas sem abrir mão da privacidade.

 

“Mudanças em (dis)curso: a noção de ‘publicidade infantil’ em franco processo de ressignificação”, de Brenda Lyra Guedes, registra o processo de mudança nesse tipo de discurso apontando a “saturação” da publicidade comercial. Com isso, os publicitário vem rendendo-se a visões que problematizam o consumismo. “Pontua-se então que, estando a noção de ‘publicidade infantil’ em franco processo de ressignificação, diferentes representações sobre o que significa o cuidado com a criança e a promoção de conteúdos relevantes para a mesma entram em conflito”, afirma a autora.

 

O consumo de conteúdo áudio-visual através da internet é o tema do artigo “Accountability e educação para a mídia: caminhos para a infância protegida em tempos de consumo de televisão via internet”, de Angela Lovato Dellazzana e Ana Luiza Coiro-Moraes. As autoras defendem a importância da educação para o uso da mídia em um contexto que põe em xeque formas de proteção à infância nos meios tradicionais, como a classificação indicativa na TV.

 

Em “Cibercultura e redes sociais — O acesso e a conexão definem as práticas das juventudes?”, Adriana Hoffmann Fernandes e Lucy Anna Diniz defendem não ser as tecnologias a definir os usos sociais, mas 'o contexto cultural em que os sujeitos estão imersos”. Para tal afirmativa, as autoras realizaram entrevistas e questionários com jovens entre 11 e 15 anos, notando que eles, em sua maioria, usam as redes sociais da internet para relacionar-se com quem já conheciam nos meios offlines.

 

Por fim, a resenha do livro “É complicado: As vidas sociais dos adolescentes em rede”, de Danah Boyd, feita por Cristiane Parente de Sá Barreto. “Adolescentes em rede: caminhos, aprendizagens, possibilidades de cidadania” mostra o trabalho da autora estadunidense. Boyd entrevistou 166 adolescentes, de 18 estados de sua terra natal, no período entre 2005 e 2012. O que os adolescentes fazem quando estão nas redes sociais? Como se comportam? Como as redes afetam suas vidas? O fato de terem intimidade com as redes os faz terem mais literacia digital? Essas são algumas das perguntas respondidas.

 

Serviço
A revista pode ser lida na íntegra em: http://migre.me/v09eM

 


Venha ouvir, conhecer, discutir e propor novas ideias. Entre em contato conosco pelo e-mail:

grim.ufc@gmail.com

Av. da Universidade, 2762.
CEP 60020-181 - Fortaleza-CE
Fone: (85) 3366.7718

// Visitantes
Nós temos 2 visitantes online