'Constructing and Reconstructing Childhood' é debatido na reunião desta quinta do Grim; veja resenha

O primeiro capítulo do livro é o texto discutido nesta semana na reunião do Grim. O livro organizado por Allison James e Alan Prout é resenhado pela pesquisadora do Grim Thinayna Mendonça Máximo. Confira a seguir:

A new paradigm for the sociology of childhood? : provenance, promise and problems

Resenha por Thinayna Mendonça Máximo, para encontro do Grim (19/5/16)

O livro intitulado Constructing and reconstructing childhood, organizado por Allison James e Alan Prout, apresenta artigos que refletem sobre as preocupações contemporâneas em relação os modos como a infância é construída socialmente e sobre a direção em que os estudos da infância estão se movendo. No primeiro capítulo, A new paradigm for the sociology of childhood? : provenance, promise and problems (1997), os autores exploram as formas como a “imaturidade” das crianças é concebida e articulada nas sociedades e como essa concepção, combinada com atitudes e práticas sociais, define a natureza da infância.

No debate sobre o que é ser criança, os autores apontam o embate entre a infância “real” e a “ideal”. Para os profissionais da infância essa não é uma questão nova, mas a inquietação com a infância ideal, cada vez mais presente no domínio público, também reflete em interesses acadêmicos.

Os autores fazem uma crítica ao estudo da infância baseado apenas nas “estruturas dominantes”, referindo-se a Psicologia e a Sociologia tradicionais, e defendem o surgimento de um novo paradigma da infância.

James e Prout argumentam que três pontos relacionados à infância: a irracionalidade, natureza e universalidade, estão muito presentes no discurso psicológico em articulação com o pensamento sociológico tradicional. Com base no pensamento tradicional, a socialização da criança teria a função de transformá-la em adulto, visando o crescimento biológico.

Essa abordagem dominante sobre o desenvolvimento da criança, advinda da Psicologia, é baseada na ideia de um crescimento natural. Como criticam os autores, essa corrente aponta a racionalidade como uma marca universal da vida adulta, sendo a infância um período de aprendizagem para desenvolver o pensamento racional. Esse é um modelo essencialmente evolutivo em que o desenvolvimento da criança para se tornar adulta representa a progressão do pensamento simples ao complexo, do comportamento irracional para o racional.

Em contraponto a essa visão, os autores propõem dar voz às crianças, considerá-las como pessoas a serem estudadas em seu próprio direito e negar a visão de elas são receptáculos, passivas aos ensinamentos dos adultos. Nesse sentido, James e Prout apontam alguns princípios de um paradigma emergente da infância.

Os autores apontam características-chave:

1- A infância é entendida como uma construção social. Não compreender a infância como algo universal e natural, mas formada por fatores sociais e culturais de várias sociedades;

2- A infância não pode ser analisada separadamente de variáveis como classe, gênero e etnia;

3- As relações sociais e culturais das crianças são dignas de estudo, independente do ponto de vista e das preocupações dos adultos;

4- As crianças devem ser vistas como agentes sociais que constroem suas vidas, a das pessoas que estão ao seu redor e das sociedades em que vivem. Não são apenas sujeitos passivos.

5- A etnografia é apontada como uma metodologia útil para o estudo da infância, pois permite que as crianças tenham voz direta e que participem da produção dos dados.

James e Prout destacam a importância de estudos empíricos sobre a infância e acreditam ser um erro seguir um caminho apenas em termos de desenvolvimento teórico. Para além da simbiose teoria e investigação empírica, os autores acreditam que a Sociologia da Infância precisa de mais estudos que abordem temas até então negligenciados, como: crianças e trabalho, política, saúde, alimentação e assim por diante. Desse modo, na visão deles, a Sociologia da Infância se distanciaria de temas estereotipados ligados apenas à família e à escola.

Ao longo do capítulo, James e Prout enfatizam que as Ciências Sociais não possuem um discurso neutro sobre a infância, mas que são fatores ativos na sua construção e reconstrução. Além disso, indicam que os sociólogos precisam estabelecer uma relação entre as atividades próprias das crianças e os processos sociais que as formam e restringem suas vidas.

REFERÊNCIAS: JAMES, A.; PROUT, A. A new paradigm for the sociology of childhood?: provenance, promise and problems. In: JAMES, A.; PROUT, A. Constructing and reconstructing childhood. London: Falmer, 1997.

 


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