"Proibir a propaganda infantil é um retrocesso", diz Maurício de Souza

estudo

Mauricio de Sousa e Mônica S. Sousa durante apresentação de estudo (Divulgação)

Publicado originalmente por: adNews

O estudo realizado pela GO Associados, divulgado na sexta-feira (12), (confira aqui) analisou alguns dos impactos da proibição de anúncios para crianças, que está na Resolução 163. Para quem ainda não conhece a Resolução, ela foi criada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Infância e da Adolescência (Conanda) e considera abusiva a publicidade e comunicação mercadológica dirigida às crianças.

Mas o que pensam os criadores do primeiro estudo que analisa esta proibição? Confira abaixo a opinião de Gesner de Oliveira, economista e sócio da GO Associados e dos empresários da Mauricio de Sousa Produções (MSP), que solicitaram o estudo, Mauricio de Sousa, Mônica de S. Sousa.

Qual foi o resultado mais impactante do estudo?

Para Mônica S. de Sousa, diretora comercial da Mauricio de Sousa (MSP) e transformada pelo pai numa das mais famosas personagens dos quadrinhos brasileiros de todos os tempos, o resultado da proporção do estudo também não era esperado. "Eu fiquei muito surpresa com o impacto, principalmente na geração de empregos".

Segundo Gesner de Oliveira, o dado mais impressionante do estudo foi o peso que o setor de produtos licenciados tem na economia e também o potencial de efeitos diretos e indiretos. Já que o setor estimula vários outros setores. Ao finalizar o estudo, Gesner admite que o impacto é muito maior do que o que eles esperavam. "Para nós foi uma relativa surpresa. Nós não tínhamos ideia ao iniciar o estudo da dimensão do setor de produção infantil".

Mauricio de Sousa prega o diálogo

Um dos maiores desenhistas de quadrinhos de todos os tempos ressaltou que não gostaria de viver em um país que tivesse uma lei tão "draconiana" como essa, fazendo alusão a Resolução 163. "O assunto deve ser discutido com muito diálogo e respeito e a propaganda não deve ser proibida, pois isso será um retrocesso para as crianças, que tem acesso a produtos destinados a elas, como brinquedos, roupas e alimentos".

Mônica destacou a opinião de vários psicólogos, que não concordam com a Resolução 163. "Eles não acreditam que a obesidade e o consumo excessivo venham da publicidade. Há muitas outras razões e as pessoas não estão atentas a isso. As pessoas que estão lutando por essa posição não valorizam o lado lúdico que os produtos proporcionam para a as crianças".

Gesner fez a seguinte conclusão sobre os resultados do estudo: "Quando analisamos o custo benefício da implantação da Resolução 163, verificamos que realmente se cometeu um grande equívoco".

Maiores perdas

Os impactos da proibição não foram analisados de maneira total, já que o estudo fez uma simulação sobre os setores de atuação da Mauricio de Sousa Produções e de mais cinco setores da economia. Mas a área de entretenimento para o publico infantil, por exemplo, não foi analisada. Mauricio de Sousa destacou pontos importantes sobre as consequências da proibição.

"As crianças não irão deixar de consumir os produtos, ou de assistir a televisão, apenas não terão mais acesso aos produtos infantis e irão consumir o que é criado para ao público adulto". Para o cartunista, os produtos foram um direito que os adultos conquistaram para as crianças e que não pode ser perdido agora.

Já para a empresária Mônica, as consequências desta decisão têm resultados negativos na economia e na cultura nacional.  "Além do impacto econômico que é importante para a sociedade brasileira é importante ressaltar que o estudo mostra o impacto desta decisão sobre a cultura brasileira, que pode deixar de existir e deixar de ser um bom negócio para os investidores".

Produção de conteúdo infantil

Um dos resultados negativos da proibição da publicidade voltados ao público infantil é a falta de incentivo à produção de conteúdo para crianças. Já que sem a possibilidade de espaços publicitários, os programas infantis se tornariam menos atrativos para as emissoras de TV. Segundo o estudo, em 2003 as cinco maiores redes abertas de televisão (Globo, Record, Band, SBT e RedeTV) exibiam em média 14 horas de desenhos infantis. Em 2013 essa média foi de 4 horas.

"As pessoas que apoiam a Resolução 163 não têm dimensão do, do que pode ser subtraído da sociedade brasileira. Os desenhos animados, por exemplo, são patrocinados pela publicidade e as peças de teatro também. Acredito que eles não tenham percebido isso. Eles pensam que podem deixar de usar a publicidade para manter os produtos infantis. E não existe isso. Qualquer país do mundo preciso disso para sobreviver na comunicação. Jornal precisa de publicidade, a revista, a televisão. O que vai acontecer se for proibida a publicidade para a programação infantil dos canais pagos de desenho animado? Será que vai ter alguém que vai querer investir? O canal vai ficar no prejuízo? Não, ele vai parar, como aconteceu com os canais da TV aberta. Hoje é muito pequeno o espaço para conteúdo infantil. Porque não tem publicidade", afirmou Mônica.

Próximos passos

O estudo foi um dos primeiros passos da Maurício de Sousa Produções para abrir uma discussão sobre o tema. Os empresários comentaram a decisão de tornarem público os resultados da pesquisa sobre a proibição da publicidade infantil.

"Divulgar este estudo para demonstrar as consequências da implantação da Resolução 163 já representa um passo para conscientizar a população sobre os benefícios da propaganda infantil", ressaltou Mauricio.

"Nós conversamos com a presidente do Conanda. Estamos preocupados em esclarecer a nossa posição. Por isso é importante apresentar o estudo para todas as pessoas interessadas, como governo, empresas, jornais e a população esse tipo de resultado", disse Mônica.

Por Ana Paula Silva

 


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