Trabalho infantil é tema de jogo digital idealizado pelo MPT
Por: Carolina Pezzoni, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz
Em meio às habituais instruções de um game, sobre como evitar obstáculos e qual tecla utilizar para movimentar o personagem no cenário, o jogo Infância Livre, lançado nesta semana em Brasília (DF), traz algumas dicas que vão além do mero manual, como “converse com as crianças, elas sempre têm algo a dizer e passam informações importantes sobre o jogo”. A indicação revela uma proposta que supera o caráter de passatempo: conscientizar e alertar a sociedade sobre a realidade do trabalho infantil no país.
Fruto de um acordo de cooperação de cinco anos entre o Ministério Público do Trabalho na Paraíba e o Curso Superior de Jogos Digitais da Faculdade Facisa, o jogo se apresenta como mais uma ferramenta de prevenção e erradicação do trabalho infantil ao simular, por meio de diálogos reais, situações de crianças que devem superar desafios e obstáculos para uma vida sem trabalho.
Segundo o procurador-geral de Campina Grande Marcos Almeida, idealizador do projeto, além do Infância Livre, novos jogos serão lançados em sequência nos próximos anos para abordar outras temáticas sociais relevantes, como trabalho escravo, direitos do trabalhador com deficiência, promoção da igualdade nas relações de trabalho e segurança.
O diferencial do projeto é o protagonismo dos estudantes universitários da Facisa no desenvolvimento do jogo, como trabalho de extensão, sob a orientação do professor Rodrigo Motta. “O projeto faz com que esses alunos, que serão os profissionais de amanhã, entrem no mercado de trabalho com uma nova visão de mundo, uma visão calcada no social”, aponta Almeida.
Uma nova plataforma de comunicação
A escolha do formato de jogo digital para colocar o tema em perspectiva levou em conta o seu alcance. “Para além de uma cartilha, para além de um seminário, o jogo digital é uma nova plataforma de comunicação, capaz de levar entretenimento e informação para o dia a dia”, avalia o procurador. “Trata-se de um jogo divertido, mas que promove conscientização e sensibilização acerca desses graves problemas sociais.”
O formato interativo e dinâmico parecia mais adequado também às crianças e adolescentes, público-alvo do projeto. “Queríamos justamente que o jogo fosse o mais acessível possível em todos os níveis – desde a faixa etária do público-alvo até a concepção técnica do jogo. Por isso, optamos por fazer um jogo online, com possibilidades de baixar gratuitamente, de fácil entendimento, para que a maior quantidade de pessoas tivesse acesso e jogasse”, diz Almeida.
O objetivo é que as crianças e adolescentes comecem a formar uma consciência cidadã desde cedo. Para isso, uma das estratégias de disseminação é recorrer a parcerias institucionais e outros órgãos públicos e da sociedade civil organizada e fazer com que o jogo chegue às escolas. Como revela o procurador, as perspectivas são boas, uma vez que algumas escolas da Paraíba já estão levando o game para seus laboratórios de informática, como instrumento de apoio pedagógico. “Entendemos que a educação é de fato o melhor mecanismo para erradicar o trabalho infantil.”
[Fonte: Fundação Promenino]