Instituto acusa revista de publicar fotos sensuais de meninas
Por Giovanna Balogh
A revista “Vogue Kids” é alvo de críticas nas redes sociais por ter publicado, na edição deste mês, uma seção de fotos com meninas menores de idade em poses sensuais, vestidas com biquínis.
O ensaio “Sombra e Água Fresca” já foi denunciado ao Ministério Público de São Paulo, Ministério Público Federal e à Polícia Federal nesta quinta-feira. Entre os denunciantes está o instituto Alana (organização de defesa dos direitos das crianças).
Procurada, a revista afirmou que não foi notificada e que não tem nada a declarar sobre o assunto.
A psicóloga do Alana, Laís Fontenelle, diz que ficou chocada ao ver as fotos. “São garotas em poses sensuais e uma clara adultização precoce dessas crianças”. Ela tem uma filha de dois anos. Laís afirma que as crianças ainda não têm seus valores formados e que não precisam ser expostas desta forma.
“O filho ou a filha brincarem com o salto alto da mãe ou com o batom em casa é saudável, faz parte do faz de conta e isso é saudável”, comenta. Segundo ela, não é saudável quando as empresas fazem salto alto para pés tamanho 20, ou sutiã com bojo para meninas de oito anos. “Assim como essas fotos, que mostram a menina tirando a blusa”, afirma.
“Muitas pessoas vão dizer que a maldade está no olho de quem vê. Mas a maldade está no olho de quem produz esse tipo de peça.”
Para a psicóloga, além de fomentar a exploração da sexualidade infantil, as fotos também têm ligação direta com a publicidade infantil, já que as modelos mirins estão fazendo propaganda das roupas.
Resolução do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes), órgão ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, proíbe a propaganda direcionada para crianças.
O Alana estuda como vai denunciar o caso e diz que qualquer pai pode reclamar ao Ministério Público e outras entidades, como o Procon.
Mãe de uma menina de dois anos, a roteirista Renata Corrêa, 31, ficou indignada com a publicação e chegou a colocar as fotos nas redes sociais. Em seguida, ela apagou as imagens justificando que as crianças já haviam sido expostas demais, mas o seu desabafo gerou mais de mil compartilhamentos apenas na manhã desta quinta-feira (11). Já um grupo no Facebook, chamado Pediatria Integral, tinha mais de 2.700 compartilhamentos com as imagens.
“Muitas vezes quando pensamos em pedofilia imaginamos um tio pervertido ou em um cara se escondendo atrás de um computador, ou de algo escondido, secreto. Mas a gente não fala de uma cultura de pedofilia, que está exposta diariamente, onde a imagem das crianças é explorada de uma forma sexualizada”, diz Renata.
A roteirista comenta ainda que se “a gente continuar a tratar nossas crianças dessa maneira, pedofilia não será um problema individual de um ‘tarado’ hipotético, e sim um problema coletivo, de uma sociedade que comercializa sem pudor o corpo de nossas meninas e meninos”, relata ainda no seu perfil no Facebook.
[Fonte: Folha de São Paulo]